Enfrenta dificuldades relacionadas com o jogo?

Orientações para pessoas com comportamentos de jogo potencialmente compulsivos

Pratique o jogo de forma responsável

O jogo, enquanto forma de entretenimento, pode proporcionar momentos de entusiasmo e prazer.

Para a maioria dos indivíduos, trata-se de uma atividade socialmente aceite e inofensiva.

Contudo, é essencial que o jogo seja sempre encarado como um mero passatempo e que se mantenha rigorosamente dentro dos limites financeiros e emocionais de cada pessoa.

Avalie o seu relacionamento com o jogo

Caso suspeite que a sua relação com o jogo possa estar a causar perturbações na sua vida pessoal, familiar ou profissional, recomenda-se uma reflexão séria e uma autoavaliação.

As questões que se seguem baseiam-se nos critérios do DSM-5-TR: Guia de Referência para os Critérios de Diagnóstico, 5.ª edição (Lisboa, 2024):

Reflita sobre os últimos 12 meses e verifique se, pelo menos, quatro das seguintes situações se aplicam ao seu caso:

1. Necessita de apostar quantias cada vez maiores para obter o mesmo nível de excitação?
2. Sente-se ansioso, agitado ou irritado quando tenta reduzir ou cessar a prática do jogo?
3. Já tentou, sem sucesso, controlar, limitar ou interromper o jogo?
4. Tem pensamentos recorrentes sobre o jogo (planeamento, perdas anteriores ou próximas apostas)?
5. Recorre ao jogo como forma de lidar com estados emocionais negativos, como tristeza ou frustração?
6. Volta a jogar com o intuito de recuperar perdas financeiras anteriores?
7. Escondeu o seu envolvimento com o jogo de pessoas próximas?
8. Já colocou em risco relações importantes, o seu percurso académico ou a sua carreira profissional devido ao jogo?
9. Solicitou apoio financeiro a terceiros para fazer face a dívidas contraídas através do jogo?

Estas questões visam promover a autorreflexão. Quanto maior o número de respostas afirmativas, maior a probabilidade de estar perante uma situação de jogo problemático.
Se for esse o caso, é crucial tomar medidas atempadas e adequadas. Não enfrente esta situação sozinho.

Medidas a adotar

1. Reconheça a existência do problema: Identifique os sinais e esteja disposto a mudar o seu comportamento.
2. Identifique os fatores desencadeantes: Compreenda que situações externas podem potenciar a vontade de jogar.
3. Monitore os seus pensamentos e reações: Reconheça que o impulso de jogar é passageiro.
4. Evite situações de risco: Reduza o número de cartões bancários, transporte quantias reduzidas e evite contrair dívidas para jogar.
5. Baseie-se na racionalidade: Evite crenças supersticiosas ou ilusões de controlo.
6. Adie a tomada de decisão: Dê tempo para refletir sobre as possíveis consequências de voltar a jogar.
7. Valorize os progressos alcançados: Registe os dias em que se absteve do jogo e utilize as poupanças para recompensar-se.
8. Mantenha-se honesto: Com os outros, mas principalmente consigo próprio.
9. Procure apoio emocional e psicológico: Fale com familiares, amigos de confiança ou profissionais de saúde.
10. Adote uma abordagem gradual: Encare cada dia como uma nova oportunidade para avançar no processo de recuperação.

Recursos e soluções disponíveis

1. Apoio nos estabelecimentos de jogo: Os nossos Diretores de Jogo estão disponíveis e preparados para o escutar e orientar.
2. Acompanhamento especializado: Consulte profissionais de saúde mental para um diagnóstico clínico adequado.
3. Linha de apoio gratuita: Contacte o número 1414 ou envie um e-mail para 1414@icad.min-saude.pt.
4. Pedido de autoexclusão: Pode solicitar ao SRIJ – Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos – a interdição voluntária de acesso a salas de jogo. Os Diretores de Jogo poderão auxiliar na formalização deste pedido.

Acima de tudo, assuma a sua responsabilidade pessoal.
Evitar o problema não o resolverá.

Recorde-se: o jogo deve ser uma atividade recreativa e jamais uma fonte de sofrimento.
Jogue com moderação e dentro dos limites da sua estabilidade financeira e emocional.